Trata-se de um blog com pequenas reflexões e testemunhos pessoais.
É neste espaço que revelo um pouco do que penso e do que sou.
Vejam e deixem a vossa opinião (:


28 de janeiro de 2016

Eu sou pequeno e tu?

Eu gostava de ser criança a vida inteira.
Eu gostava de poder acordar sempre a cantar.
Eu gostava de poder correr sem parar.`
De rir sem parar.
De amar sem criticar.
Eu, apenas, gostava de olhar para o Mundo outra vez.
Onde tudo é mistério.
Onde tudo é novidade.
Onde tudo é motivo para a descoberta.
Eu gostava de ser pequeno e não perder tempo com burocracias e trocar isso por abraços.
Eu gostava de ser pequeno e trocar os exames por convívios com lanches e risadas.
Queria ser assim. Simples. Meigo. Genuíno.
Queria ser novamente espontâneo para dizer "Gosto muito de ti" a toda a gente.
Queria ter a capacidade de voltar a sonhar.
Onde nada é uma barreira.
Onde tudo se pode fintar.
Onde a meta é somente um passo, um beijo ou um andar de bicicleta.

Às vezes não nos apercebemos da beldade das lições que as crianças nos transmitem.
Às vezes estamos tão cegos que achamos que só nós é que temos algo para lhes ensinar.
Temos de abrir os olhos.
Temos de ouvir estas crianças mais vezes, onde na sua inocência mostram o que realmente vale a pena.
Onde na sua inocência dizem bem baixinho que o Mundo foi feito para eles e que é deles.

Por isso eles nos perguntam sempre: "Eu sou pequeno e tu?", porque sabem perfeitamente que o Mundo não é nosso.
O Mundo não é nosso, porque não usufruímos como eles.
O Mundo não é nosso, porque nem reparamos no que ele tem para nos oferecer.

O Mundo é vosso. E que um dia também volte a ser meu...

17 de janeiro de 2016

Os Doutores da Rua

E se vivêssemos num país onde o mesmo número de doutores académicos fosse igual ao número dos doutores da rua?
"Quem são estes doutores da rua?"- deverá ser a pergunta de muitos leitores.
Os doutores da rua são todos aqueles que vivem ou sobrevivem na rua. São aqueles que aprendem ou desaprendem na rua. São aqueles que foram ou não obrigados a pararem àquela vida.
Ao chamá-los de doutores da rua não os quero inferiorizar, nem sequer gozar. Muito pelo contrário. Trato-os assim, em primeiro lugar porque é a forma como eles todos se tratam e nos tratam e em segundo porque se calhar não haverá, infelizmente, muitas diferenças entre estes doutores da rua e os doutores académicos.
A única diferença que à primeira vista vejo entres estes doutores da rua e os outros, é que os da rua não tiveram aulas sentados, não tiveram que escrever, nem sequer ter a teórica. Estes doutores da rua foram obrigados a entrar na prática, foram obrigados a sentir na pele aquilo que muitas das vezes nos é dito na teórica para termos cuidado. Estes doutores da rua tiveram, literalmente, a escola da vida. Para mim, esta é sem dúvida, no meu ponto de vista, a única diferença entre os doutores.
Analisemos, de uma forma muito breve, cada caso...
Quantos doutores se formaram academicamente e desejam desesperadamente por uma oportunidade?
Será que esses doutores da rua também não desejam por uma oferta?
Mais, quantos doutores das nossas faculdades não se formaram dignamente para depois lhes serem negados a oportunidade de construir o seu futuro?
Não serão, também, estes doutores da rua muitas vezes negados pela nossa sociedade?
A verdade é que todos estes doutores, por diferentes razões é claro, têm muito em comum.
E de quem é a culpa?
A culpa é minha, é tua e é nossa.
A culpa é nossa, porque muitas das vezes nos calamos.
A culpa é nossa, porque muitas vezes é mais fácil ignorar, é mais fácil não pensar.
A culpa é nossa, porque não agimos.
Caros leitores, nesta vida todos nós poderemos vir a ser doutores. Sejamos nós formados academicamente ou formados pelos casos da vida. Por isso, cabe a nós estarmos mais atentos.
Cabe a nós não desviar o olhar quando passamos por estes homens e mulheres.
Cabe a nós mudarmos este rumo.
Cabe a nós aprender a caminhar com estes doutores da rua...



imagem retirada em: http://www.porta351.com/wp-content/uploads/2014/12/sem-abrigo_0.jpg

8 de janeiro de 2016

Máquinas da Sociedade

O Mundo gira a uma velocidade tremenda.
Avança de uma forma tão rápida que nem nos apercebemos dos dias passarem.
Hoje em dia somos convidados a viver numa adrenalina incrível.
Acordamos stressados.
Tomamos o pequeno almoço a "correr" e nem nos despedimos dignamente daqueles que vivem connosco.
Vamos a correr para cumprir horários e obrigações.
E quando chegamos, ao nosso local de trabalho ou de estudo, somos novamente abalados por uma onda de multidão, também ela toda movimentada por esta correria, mas sem saber muito bem para onde vai.
Corremos, corremos e...corremos.
Corremos todo o dia!
Corremos para acabar aquele projeto.
Corremos para entregar a horas aquele papel.
Corremos como meras máquinas.
E quando somos convidados a parar, o que nos acontece? Não conseguimos.
Ficamos como meios zonzos. Ficamos com a sensação de que não sabíamos que existia tempo para parar.
A verdade, é que desde pequenos somos incutidos com a ideia de que "parar é morrer".
Mas, caros leitores, estamos a precisar de uma verdadeira paragem.
Estamos a precisar de parar, para entendermos do que realmente somos feitos.
Estamos a precisar de parar, para entendermos do que realmente necessitamos.
Estamos a precisar de viver de uma forma autêntica. Sem correrias. Sem pressas.
Precisamos de parar, para assim podermos observar, respirar e darmos valor ao maior dom que temos: a vida.
Com tantas correrias, nem nos apercebemos que somos todos iguais. Não conseguimos perceber que temos todos o mesmo objetivo: sermos felizes.
São por causa destas correrias todas e por todas as faltas de tempo, que nós alegamos não ter, que surgem as guerras, que surge a solidão, que surge o desespero, que surge a necessidade, que surge tudo aquilo que só nos apercebemos quando acontece nas nossas vidas.
Não deixemos que a vida passe a correr.
Tínhamos perceção dos dias, pois só assim conseguiremos ouvir a nossa "máquina" a bater.
Não queiramos ouvi-la quando ela já estiver para deixar de funcionar.
É hora de nos reunirmos.
É hora de vivermos juntos.
É hora de comermos e bebermos juntos.
É hora de rirmos juntos.
É tempo para parar.
É tempo para deixarmos de ser máquinas.
É tempo para vivermos, verdadeiramente!