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6 de abril de 2016

“Quem tem duas túnicas dê uma ao que não tem”

Sobre a obra de misericórdia “vestir os nus”, o Pe. Amaro Gonçalo diz-nos o seguinte: “O ato de vestir os nus implica o cuidado do seu corpo, uma intimidade, isto é, um tocar e medir o corpo para poder vesti-lo de modo adequado. Mas também implica o cuidado da sua alma, onde a roupa tem um papel importante na proteção da interioridade e sublinha, que essa mesma interioridade precisa de ser guardada e protegida.”.

Com estas palavras conseguimos entender que não ter roupa ou estar quase nus ou cobertos de farrapos é uma condição que tem importantes conotações psicológicas e espirituais. E por isso mesmo, nós, cristãos, somos convidados a termos cuidado com o nosso corpo, mas também a estarmos devidamente atentos àqueles que mais necessitam de se sentirem bem vestidos. O partilhar a roupa com alguém é algo que remete para alguma delicadeza e intimidade para com o outro. É entrarmos em verdadeira comunhão com aquele que está ao nosso lado. Não se deve somente dar as roupas, é preciso ensinarmos a vesti-las. Lembremo-nos dos exemplos que recebemos dos nossos pais ou avós, que desde tenra idade sempre tiveram a amabilidade e cuidado de nos vestir para que não nos sentíssemos despidos e conseguíssemos aceitar, verdadeiramente, a nossa unicidade.

É preciso que neste ato de vestir os nus esteja bem presente o nosso amor e o nosso contacto visual, para que aquele que recebe as roupas não se sinta humilhado, mas que nasça em si a vontade de mudar. É necessário passarmos uma mensagem de esperança, onde aquele que estava desprotegido e despojado pode agora encontrar-se a si mesmo revestido de roupas, mas acima de tudo coberto de caridade por aquele que lhe vestiu.

A nossa verdadeira misericórdia deve conseguir cobrir o interior daqueles que estão nus e, portanto, desprotegidos. É com esta partilha, com esta entrega e serviço ao outro que poderemos vestir aqueles que muitas vezes se sentem despidos e humilhados pela nossa sociedade.

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